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Especial São Silvestre IV: Um pernambucano entre os melhores


Especial São Silvestre IV
(Foto: Internet)
José João da Silva é o único pernambucano vencedor da São Silvestre
Por William Tavares

O país vivia um jejum de 34 anos de vitórias de um atleta brasileiro na São Silvestre. O último vencedor tinha sido Sebastião Alves Monteiro, em 1946, quando o percurso ainda era de 7 quilômetros. O corredor responsável pela quebra desse tabu foi um pernambucano, que mais tarde se tornaria bicampeão da principal prova de rua do país.
José João da Silva nasceu em 1955, em Bezerros, município do interior de estado. Aos 17 anos, se mudou para São Paulo e foi trabalhar com serviços gerais e entregador em um restaurante da cidade, e foi numa noite de entrega que ele se deparou com a São Silvestre. Ao passar pela avenida Paulista durante o horário da prova, José assistiu os corredores cruzarem o percurso. Encantado com o evento, ele começou a correr, acompanhando de Radamés, dono do restaurante onde trabalhava.
O pernambucano corria pela noite com Radamés, que o acompanhava de carro marcando o tempo do atleta. A partir daí José passou a treinar no Ibirapuera, onde um corredor, sócio do Clube Pinheiros, que já o observava, convidou ele para visitar o clube.
Após o teste no clube, o corredor começou um treinamento mais elaborado e os resultados apareceram rápido. Na primeira São Silvestre disputada, ele alcançou a 89ª posição, depois de pouco mais de dois anos de treinamento. José ficou no clube de 1975 até 1980, quando ganhou a oportunidade de treinar no São Paulo Futebol Clube. Com o sucesso, veio também um apelido. Por ser desajeitado ao correr, começou a ser chamado de arataca(arapuca).
Disputando pela primeira vez a São Silvestre como atleta tricolor, José obteve a vitória mais importante de sua carreira. A liderança só veio nos últimos metros da prova. "Quase no terceiro quilômetro estava no pelotão de frente, já na altura da Brigadeiro Faria Lima. Naquele momento, percebi que eu estava na briga. Na Consolação, o português Fernando Mamede me ultrapassou. Quando entrei na Avenida Paulista, faltando uns 500 metros para a chegada, meu treinador começou a gritar dizendo que dava. No Masp eu tomei a dianteira de novo e venci", comenta o atleta.
(Foto: JJs Eventos)
Nos anos seguintes ele conquistou por duas vezes o terceiro lugar e o vice-campeonato em 1984. O bicampeonato veio em 1985, quando o percurso passou de 8,9 para 12 quilômetros. José venceu a prova com o tempo de 36 minutos e 48 segundos, com o segundo lugar ficando para o equatoriano Rolando Vera, que seria o vencedor da prova nos quatro anos posteriores, tornando-se tetracampeão da São Silvestre.
A experiência em corridas não foi útil apenas enquanto José disputou a São Silvestre, ela abriu portas para outros projetos. Atualmente, o ex-atleta, que se tornou bacharel em Educação Física, tem uma empresa organizadora de corridas, chamada JJs Eventos.
A ideia de criar uma empresa que trabalhasse com eventos desse tipo veio em 1996, com ajuda de Renato José Elias, campeão mundial de basquete pelo Sírio em 1979. Com 15 anos de história, a JJs Eventos já realizou provas importantes em várias capitais brasileiras, com destaque para a Corrida das Pontes, no Recife.
Se os pernambucanos tem profundo respeito pela história de José João da Silva, os paulistas não ficam atrás. A Prefeitura de São Paulo se preparava para realizar, em 1997, uma corrida em homenagem ao dia do aniversário da cidade, 25 de janeiro. Porém, o bicampeão da São Silvestre sugeriu uma modificação. "a corrida do aniversário de São Paulo iria chamar-se José João da Silva e eu não concordei, porque sou muito grato a essa cidade, mas a comemoração de uma data tão importante deveria ter outro nome e eu sugeri Troféu Cidade de São Paulo, que acabou aceito pela prefeitura", explicou o corredor.
Quando questionado sobre o momento mais marcante da carreira, José mostrou que sua carreira não pode ser definida apenas pelas vitórias. "No meu íntimo, a que mais valorizo mesmo é a de 1984; fui superado no final da Consolação pelo português Carlos Lopes[..] Foi uma lição para mim, porque estava em meu melhor estágio, tinha feito a segunda melhor marca mundial nos 5000 metros, venci todas as corridas que participei, e só perdi a São Silvestre. Gostei porque essa derrota me ensinou. Ser o primeiro nos deixa acomodados; ser o segundo é restaurador, exige reflexão", concluiu o melhor representante pernambucano em São Silvestres.


NE10


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