Punição para maus-tratos
Lei até prevê prisão. Mas quase nunca é aplicada. Defensores de animais querem que agressões a bichos tenham pena de serviços comunitários e multas pesadas
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Miriam Miranda, presidente da ONG Vira Lata Vira Vida, responsável pelo rottweiler durante o processo de recuperação, se reuniu com autoridades do governo federal para levar a petição pública e tentar achar soluções para coibir esse tipo de agressão. “O Ministério da Justiça está estudando todas as leis que tramitam em Brasília referente a animais. A ideia é refinar os projetos e fortalecer a lei existente, aumentando as penas”, diz. Ao contrário do que se imagina, punir com mais rigor não significa prender por mais anos quem maltrata animais. “O ideal é a pena pedagógica. A reclusão não é a melhor solução, porque a população carcerária já é imensa. Temos que aumentar a carga de prestação de serviço comunitário, as multas e incluir restrição de direitos”, diz.



Liberdade amputada

Não só os animais domésticos são agredidos. Os animais silvestres também são vítimas de maus-tratos e abusos, principalmente nos casos do tráfico ilegal. Segundo o tenente Leandro Camargo, do Comando de Policiamento Ambiental de São Paulo, são apreendidos em média 30 mil animais silvestres por ano em todo o Estado, em sua maioria pássaros. Normalmente, o criminoso não é levado preso, mesmo pego em flagrante. Segundo o tenente, o inquérito é instaurado pela Polícia Civil e depois o acusado é intimado a comparecer em juízo. “Já nos autos de infração ambiental, expedidos por órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente, as multas são aplicadas de acordo a espécie do animal”, afirma Camargo. Se a espécie estiver em extinção, a multa é de R$ 1 mil por animal. Caso contrário, é de R$ 500, podendo dobrar caso seja comprovada a intenção de comercialização do bicho. “Dos animais silvestres apreendidos em São Paulo, 90% não foram capturados aqui. Por isso, o combate a esse tipo de crime deve ser feito em parceria com outras regiões”, diz. Ele destaca que quem quiser denunciar crimes ambientais em São Paulo pode ligar para o Disque Ambiente (0800-11-3560), além de contar com o apoio das delegacias e do Ministério Público.
Sociedade diz "chega!"

Organizados através das redes sociais, cerca de 400 pessoas saíram em passeata, em 20 de novembro, pela Avenida Paulista, uma das principais vias de São Paulo (foto ao lado), para protestar contra os recentes casos de maus-tratos a animais.
O publicitário Luiz Fernando Sobreiro, de 54 anos, um dos líderes do protesto, conta que a ideia de realizar o ato de repúdio surgiu após a morte de Lobo e o caso da também rottweiler Jade, que foi queimada pelo dono em São Paulo. “As punições que existem não surtem efeito. Hoje o cara que botou fogo na Jade está em casa e ela está passando por um tratamento dolorido e caro. Não existe pena. O tutor de Lobo paga R$ 1,5 mil e sai livre de tudo”, diz. Para Sobreiro, além de penas mais severas, é importante iniciar um trabalho de conscientização desde cedo. “Ensinar as crianças do ensino fundamental que o animal sente dor, fome, tristeza e medo”, enfatiza.
Quem presenciar maustratos a animais pode registrar boletim de ocorrência em qualquer delegacia de polícia. É importante acompanhar o caso ou pedir apoio de uma entidade para garantir a abertura de inquérito. Outra opção é entrar com uma representação no Ministério Público estadual. Quanto mais provas (fotos, vídeos, placas) maior a chance de o agressor ser punido.
Folha Universal
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